Governo brasileiro e especialistas da área da saúde, estranham indicação da Organização Mundial de saúde sobre a prioridade e eficácia de testes em massa.

Nesta última segunda-feira (17) a Organização Mundial da Saúde (OMS) informou que o modo de para se conter a pandemia é através da realização de teses em massa nos casos suspeitos de coronavírus. Durante um entrevista coletiva a médica do programa de emergência sanitária da organização,Maria Van Kerkhove disse: “A mensagem central é: testar, testar e testar”. Segundo ela não se consegue parar a pandemia se não se sabe quem está infectado.

A mensagem é uma novidade para o governo brasileiro que vinha adotando até então a aplicação dos testes somente em casos mais graves e com necessidade de internação.

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Brasil rebate OMS sobre funcionalidade de testes em massa

 “Não estávamos esperando por essa determinação”, disse o secretário de Saúde do Estado de São Paulo, José Henrique Germann, em entrevista coletiva no início da tarde. “Estou surpreso entre o mundo ideal e o mundo real. Uma coisa é disponibilizar testes, a outra é realizar testes”, disse o infectologista David Uip, coordenador do Centro de Contingência para o Coronavírus de São Paulo. “Vamos ver como o ministro da Saúde [Henrique Mandetta] reage a essa situação”, completou Uip.

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Testes no Brasil

Em Brasília, João Gabbardo, secretário-executivo do Ministério da Saúde, respondeu mantendo a política que o país já estava adotando: “Vamos manter a nossa posição. Testar nos locais onde tiver transmissão comunitária, os casos graves e de pessoas internadas”, disse. “Me estranha muito a OMS recomendar dessa maneira uma vez que os insumos são insuficientes para testar todo mundo”, completou.

João Gabbardo disse que o governo está estudando fazer a importação de testes rápidos para o novo coronavírus (Sars-Cov-2) no Brasil.

Os testes em massa foram realizados por países que conseguiram controlar a pandemia. É o caso da Coreia do Sul, que desde o início do surgimento da doença no país adotou um plano de forte de testes. Os testes foram não só em pessoas com sintomas, mas em todas que tiveram algum tipo de contato com infectados. O Governo sul-coreano para conter mais a disseminação passou a ir até a casa dos pacientes possivelmente infectados. Desse modo, realiza mais de 15.000 testes por dia.

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Uma pesquisa realizada por cientistas chineses e estadunidenses, demonstrou que na China, os infectados não detectados aceleraram a explosão dos casos da doença.  Através de um modelo matemático, os cientistas foram capazes de mostrar que a maioria dos contágios na China foi realizada por doentes não detectados. E que somente após o confinamento é que esses infectados invisíveis reduziram seu potencial de propagação do vírus.

Isolamento social como solução

Na visão da infectologista Rosana Maria Paiva dos Anjos, especialista em saúde pública e professora da PUC São Paulo, o único meio capaz de conter, de fato, a pandemia de coronavírus é o isolamento e não necessariamente a confirmação da doença. “Como infectologista eu tenho certeza de que o melhor é fazer testes somente nos pacientes graves. Os que estiverem com quadro respiratório, permaneçam em suas casas, não circulem, usem máscaras e lavem as mãos”, afirmou ela.  Para a infectologista a realização de testes indiscriminadamente só vai gerar pânico e mais custos para o sistema de saúde.

Situação em São Paulo

Em São Paulo o estado epicentro da doença e o local com o primeiro registro de morte, o governador, João Doria, anunciou medidas de contenção. Ficarão fechados, museus e centros culturais, cirurgias eletivas nos hospitais públicos foram adiadas e, na capital, o prefeito Bruno Covas decretou estado de emergência. Com um conjunto de medidas, entre elas a suspensão do rodízio de automóveis, a proibição de qualquer evento público ou privado e um esquema de turnos e home office para os servidores trabalharem. Conforme os dias passam, o número de casos de coronavírus no município aumenta de 40% a 50%, disse Covas.

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