Variedade 100% brasileira demorou quase uma década para ser desenvolvida pela Embrapa e vem ganhando o gosto dos produtores rurais Brasil afora.Saborosa, sem caroço e produtiva: conheça a uva BRS-Vitória Uma nova variedade de uva está sendo cada vez mais cultivada no Vale do Rio São Francisco, em Pernambuco, a BRS-Vitória.

Entretanto ela faz sucesso por não ter sementes e ser bem doce. Assista a todos os vídeos do Globo Rural Essa cultivar é resultado do cruzamento de 2 materiais genéticos que fazem parte do maior acervo de videiras de toda América Latina, localizado na sede da Embrapa Uva e Vinho, em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul.

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Saborosa, Sem caroço E Produtiva: Conheça A Uva BRS-Vitória 15-03-2020

Melhoramento na genética

Desde a década de 1970, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária desenvolve um programa de melhoramento genético uvas do Brasil, que já lançou 21 variedades voltadas para vinho, suco e mesa. A BRS-Vitória saiu de lá, foi testada em terras paulistas e paranaenses até ganhar o mundo a partir do Vale do Rio São Francisco.

Os agrônomos da Embrapa levaram cerca de 10 anos pra desenvolver e testar essa nova variedade. O produtor rural Jackson Lopes, um dos pioneiros na atividade, lembra de uma degustação às cegas feita há 7 anos, com 65 tipos de uva.

“Me chamou a atenção, mas ela não tinha uma característica que chamava a atenção para os produtores porque tinha cachos pequenos”, recorda. “Mas, por ter chamado a atenção em relação a preferência de sabor, a gente decidiu investir em trabalho técnico para poder aumentar a produtividade”, afirma o agricultor Jackson Lopes. O chefe-geral da Embrapa Uva e Vinho, José Fernando Protas, com que o sucesso da variedade deixou algumas lições para o futuro pesquisa.

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“Não só o aspecto estético deve ser levado em consideração, mas o sensorial, de gosto e sabor, deve ser levado em consideração na criação de uma variedade”, conta. E um dos itens que mais agradou o paladar de quem apostou na uva Vitória foi ela não ter sementes. “O aspecto importante é que o traço da semente da Vitória não é perceptível na mastigação.

Criada para ser consumida

Assim sendo reprodução dela se dá por um outro tipo, um outro processo, de enxertia, e não através de semente.” A enxertia é a técnica que consiste na junção de uma planta boa de raízes e outra que vai dar os frutos saborosa, no caso a Vitória.

O agricultor Marcelo Alves tem parceria com a Embrapa para produzir as mudas da variedade.

Desde então, ele só viu crescer a procura pela variedade, saindo de 72 mil mudas em 2015 para 950 mil em 2019.

Os próprios pesquisadores que desenvolveram a BRS-Vitória se mostram surpresos com todo esse sucesso saborosa. “Cultivar é igual quando a gente tem filho.

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na hora que cresce, tem a sua trajetória, a gente não pode prever muitas vezes”, afirma a pesquisadora e agrônoma da Embrapa Patrícia Ritschel. 5 safras em 2 anos Mais uma vantagem dessa variedade é seu rápido desenvolvimento de uma safra para outra.

Isso faz com que os produtores do Vale do Rio São Francisco consigam a façanha de colher a uva vitória saborosa em todas as semanas do ano, mas, para isso, é preciso fazer uma poda drástica, que expõe as videiras ao sol.

Rapidez na frutificação

Ela é realizada 30 dias depois da colheita. “Para quem não conhece, parece que a gente matou a planta, mas, a partir do momento da poda até uma nova colheita, são mais ou menos 105 a 112 dias”, explica o agricultor Jackson Lopes. Assim sendo a  rapidez na frutificação é, também, uma condição específica da Vitória, o que permite produzir até 5 safras em 2 anos. Investimento dos agricultores Os produtores da Vale do São Francisco já colocaram a BRS-Vitória em mais de 1,5 mil hectares.

O agricultor Gilson Moreira é um dos que ficaram entusiasmados com o potencial de mercado da uva e, por isso. Embora está investindo por volta de R$ 80 mil por hectare na ampliação do parreiral.

Até agora, o plantio de uva Vitória na propriedade ocupa uma área de 3,5 hectares.

Até o fim do ano, serão 7 hectares.