Pesquisa com empresas mostrou que a maior parte relata problemas no recebimento de componentes; 15% preveem paralisação parcial da produção
Um novo levantamento feito pela Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) concernente ao impacto do coronavírus na produção do setor eletroeletrônico indicou que 57% das entrevistadas apresentam algum tipo de problema no recebimento de materiais, componentes e insumos oriundos da China.
O resultado é 5% mais elevado do que o que foi verificado na pesquisa anterior, realizada duas semanas atrás. A situação é observada principalmente entre os fabricantes de produtos como celulares e computadores.
Segundo Humberto Barbato, o presidente executivo da Abinee, a nova pesquisa indica o agravamento da situação das indústrias que dependem das partes externas. Ainda afirma que “O momento é delicado e devemos ter diversas paralisações daqui para frente”.
Mas considera que, por enquanto, não existe risco de falta de produtos acabados no mercado brasileiro, feito celulares e computadores. “O problema só não é mais grave porque dispomos da produção local destes produtos”, ressalta.
De acordo com a sondagem feita pela Abinee, 4% das pesquisadas estagnaram parcialmente suas fábricas. Outras 15% já programaram paradas para os próximos dias, sendo a maior parte delas, também de forma parcial.
A pesquisa indicou, pesar do impacto no abastecimento, que 54% ainda não têm previsão de paralisação nas suas atividades. A decisão dependerá de quanto tempo os problemas no abastecimento permanecerão.
Em meio a esse cenário, 17% das pesquisadas abriram que não devem atingir a produção prevista para o 1º trimestre deste ano. Conforme essas empresas, a produção do período deverá ficar, em média, 22% abaixo da projetada. Para metade das empresas, entretanto, as projeções devem ser mantidas; enquanto outras 33% afirmaram que ainda não é possível dar essa indicação.
Pesquisa aponta que as empresas devem demorar, em média, um período de dois meses para regularizar o ritmo da produção, após a retomada dos embarques de materiais, componentes e insumos provenientes da China.
A pesquisa contou com a participação de cerca de 50 indústrias das diversas áreas do setor eletroeletrônico.
Atualmente, 42% dos componentes usados pela indústria eletroeletrônica no Brasil são oriundos da China, totalizando US$ 7,5 bilhões em importações em 2019.
Frisa-se também que os demais países da Ásia foram responsáveis por 38% das importações de componentes elétricos e eletrônicos no ano passado. Portanto, a região da Ásia representa 80% da origem dos componentes elétricos e eletrônicos do País.