Goiânia é intitulada por muitos como a capital verde. Porém, enquanto nos parques, por exemplo, ainda é possível encontrar várias árvores pesquisa revela. Sendo o mesmo não é perceptível nas calçadas e canteiros de algumas das principais vias de Goiânia.

O contínuo decréscimo na arborização para dar lugar aos espaços comerciais, por exemplo, em bairros como o Centro e setor Marista, foi investigado na pesquisa de doutorado do professor do Câmpus Goiânia do Instituto Federal de Goiás (IFG), Fábio de Souza.

Continua apos a publicidades

O estudo revela que a retirada de árvores de calçadas e canteiros nesses setores é resultante do confronto entre a expansão do uso comercial. das áreas em detrimento da arborização viária.

Na tese de título Arborização Urbana e Cidades Saudáveis: índice de supressão arbórea no sistema viário e sua influência na valoração do imóvel comercial, defendida em 2019, o professor Fábio de Souza comprovou a supressão arbórea em regiões no Centro e no setor Marista.

Pesquisa Revela Que Aumento De Áreas Comerciais Tem Provocado A Diminuição De Arvores Em Goiânia 16 de março de 2020

Remoção das Árvores

Assim sendo a partir da análise de mapas e fotos aéreas históricas de vias desses dois bairros, para o desenvolvimento de um índice que comprovasse a relação entre o processo de remoção de árvores. Sendo assim especialmente das calçadas, e o crescimento de áreas comerciais. A pesquisa de doutorado do professor foi também tema de reportagem do jornal O Popular no dia 6 de janeiro

O interesse na pesquisa foi o de investigar as alterações no uso do solo nas áreas dos setores Central e Marista. De acordo com a tese, algumas das principais vias desses setores, que dantes eram apropriadas principalmente por residências. Embora foram progressivamente, ao longo dos anos, modificadas em decorrência do crescimento de lotes comerciais, resultando em impactos na arborização.

Continua apos a publicidades

 

“Comércio vai tomando tudo”

“Naturalmente, em todas as cidades primeiramente ocorrem as ocupações por residências. Atrás das pessoas, vem o comércio. O comércio vai então tomando conta de tudo. Acaba que as pessoas são expulsas, porque o lugar vai perdendo qualidade de vida muito em função do comércio. E, à medida que vão aumentando as áreas comerciais, vai perdendo também o espaço para a arborização, especialmente, as árvores nas calçadas”, explica o professor Fábio de Souza.

Para a investigação do estudo, o docente elegeu a análise do trecho do triângulo histórico na região Central, conhecido como o “Manto de Nossa Senhora”, que consiste nas áreas delimitadas pelas Avenidas Tocantins, Goiás, Araguaia e Praça Cívica. Já no setor Marista, a área do levantamento é compreendida pelas vias: Avenida D, Rua 87, Rua 148, Avenida 136, Rua 90, Alameda Americano do Brasil, Alameda Coronel Eugênio Jardim, Alameda Coronel Joaquim de Bastos, Avenida 85 e Avenida Mutirão.

 

Além disso, foram feitas entrevistas com estudantes, moradores e comerciantes dos setores Central e Marista. Entretanto com objetivo de avaliar a percepção das pessoas a respeito da relação entre a arborização e as áreas comerciais  pesquisa revela.

Continua apos a publicidades

As respostas das entrevistas demonstraram que a maioria das pessoas concordaria em pagar um preço maior pela mercadoria vendida nas lojas da rua com árvores.  Ou seja, os entrevistados agregaram valor e valorizaram a arborização das vias comerciais.

Resultados

De acordo com os dados da pesquisa revela, nas áreas na região Central, em 1961, havia 2.125 espécimes de árvores. Portanto sendo 1.604 ( 75,48%) dispostas nas calçadas e 521 (24,52%) nos canteiros.

Já em 2016, a quantidade de árvores na mesma região caiu para 1.516 espécimes. Embora com registro de 1.027 (48,33%) árvores nas calçadas e 489 (23,01%) nos canteiros.

Neste mesmo local, em 1961, totalizavam 264 lotes comerciais nas vias do setor Central, aumentando para 725 lotes comerciais em 2016.

Já no setor Marista, a quantidade total de árvores encontradas foram 4.282 espécimes no ano de 1992, distribuídas em: 3.280 (76,60%) nas calçadas, 912 (21,30%) no canteiro central e 90 (0,21%) nas praças.

Em 2016, a quantidade total de espécimes de árvores caiu para 3.585, sendo registradas 2.667 (62,28%) nas calçadas, 834 (19,48%) nos canteiros centrais e 84 (1,96%) nas praças.

Noutro prisma, ocorreu um aumento ao longo dos anos nas áreas de uso comercial do setor Marista. Embora registrando, ao todo, 320 lotes comerciais em 1992, que passou a 1.455 em 2016.

Sobre essas mudanças, o professor destaca: “O Centro já vem perdendo árvores há muito tempo. Mas, o setor Marista perdeu demais. Era um setor cheio de árvores e hoje, praticamente, a maioria das árvores está apenas nas praças”.